Em 2020, as tarifas médias de energia elétrica do Brasil, podem ter uma redução ou estabilidade. O que encerraria um ciclo de alta verificado nos últimos anos e poderia contribuir para manter a inflação sob controle no país, disseram especialistas.

Se confirmada, seria o primeiro ano sem alta nas contas de luz das distribuidoras desde 2016, quando houve recuo depois de uma disparada tarifária registrada em 2015, ano em que os reajustes foram superiores a 50%, segundo os dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Entre os motivos para a menor pressão nas tarifas, especialistas citam o encerramento que ocorreu em 2019, do pagamento de um empréstimo atrelado às contas de luz e uma redução gradual a partir deste ano de subsídios concedidos a consumidores rurais e empresas de saneamento.

Existe uma estimativa que, as tarifas deverão ficar estáveis ou ter retração de até 2% em média no próximo ano se mantido o atual cenário.

Já outras empresas de tecnologia avaliam que pode haver uma queda de em média 4,1% em 2020, se consideradas as atuais projeções para as principais 36 distribuidoras do país.

“Isso contribuiria para a inflação (de 2020) com -0,18 ponto percentual, portanto com uma deflação”, disse o diretor de Regulação da TR Soluções, Helder Sousa.

O movimento de baixa em 2020 ainda viria depois de aumentos já abaixo da inflação neste ano, segundo as empresas. Empresas indicam que os reajustes das distribuidoras devem fechar 2019 em média entre 2% e 3%, abaixo dos patamares registrados no ano passado, quando foram de dois dígitos. Para outras, a alta média em 2019 deve ser de 1,2%, embora algumas distribuidoras devam individualmente registrar reajustes médios de entre 11,7% e -14%.

Analistas de mercado projetam que a inflação medida pelo IPCA deve fechar 2019 com alta de 3,54%, enquanto para 2020 a previsão é de alta de 3,82%, segundo boletim divulgado pelo Banco Central.

INCERTEZAS

Segundo especialistas, as projeções tarifárias, principalmente para 2020, ainda carregam algumas incertezas, que citaram principalmente riscos climáticos, dada a influência das chuvas sobre a geração hidrelétrica, e macroeconômicos, uma vez que a energia produzida na hidrelétrica binacional de Itaipu é precificada em dólares.

“Se você tiver algum problema econômico que faça com que o dólar aumente, ou siga em patamar elevado, isso impacta a tarifa final… boa parte das distribuidoras tem uma cota de energia de Itaipu”, relatou Schwyter, da Thymos.

Ele ainda relatou que a disputa comercial entre Estados Unidos e China é um fator a ser monitorado, dado o impacto de suas incertezas sobre a taxa de câmbio. E complementou que, ainda que a hidrologia pode ter influência relevante nas tarifas, com as atuais projeções considerando um cenário sem surpresas climáticas.

As hidrelétricas respondem por mais de 60% da capacidade instalada no Brasil, sendo que chuvas desfavoráveis foram o principal fator a influenciar os reajustes no ano passado.

Em 2019 e em 2020, o alívio na pressão tarifária ainda teve ajuda de decisão da Aneel de quitar antecipadamente empréstimos tomados junto a bancos em nome dos consumidores entre 2014 e 2015, cujo custo era repassado às contas de luz.

O pagamento dos empréstimos, que tiveram objetivo na época de conter reajustes muito elevados após hidrologia fortemente desfavorável, impacta negativamente em 3,7% as tarifas em 2019 e em 1,2% em 2020, segundo o órgão regulador.

 

 

Fonte: Extra Globo