A Agência Internacional de Energia melhorou a perspectiva para a demanda global de petróleo, mas alertou que a recuperação pode ser prejudicada por outra onda do coronavírus.

O colapso no consumo de combustível durante o segundo trimestre foi ligeiramente menos grave do que o estimado anteriormente, e a demanda deve se recuperar bastante nos próximos três meses com a retomada da atividade, informou a agência em seu relatório mensal. Estoques abarrotados diminuirão à medida que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados insistem em enormes cortes de produção, segundo o documento.

Contudo, uma aceleração das infecções por coronavírus, que se abate sobre vários estados dos EUA e ressurge na Ásia, “lança uma sombra sobre a perspectiva”, alertou a AIE.

“O grande número de casos de Covid-19, em aceleração em alguns países, é um lembrete perturbador de que a pandemia não está sob controle e o risco para nossa perspectiva de mercado quase certamente pende para o lado negativo”, afirmou a AIE. A agência sediada em Paris assessora as principais economias em suas políticas energéticas.

Os preços internacionais do petróleo mais que dobraram desde as mínimas atingidas no final de abril. Alguns dias atrás o barril estava sendo negociado pouco abaixo de US$ 42 em Londres, enquanto o uso de combustível aumenta e a oferta de petróleo segue limitada.

Porém os impactos da crise do coronavírus ainda são sentidos.

A demanda global de petróleo deve diminuir em 7,9 milhões barris diários, ou cerca de 8%, este ano. As paralisações e a contração das economias reduzem a necessidade de produtos como o combustível para aeronaves e a gasolina. Embora a queda seja a maior em registro, não é tão ruim quanto se previa no mês passado, quando a agência projetou recuo de 8,3 milhões de barris diários.

A AIE melhorou a avaliação para a demanda no segundo trimestre, o auge da crise, em 1,5 milhão de barris diários, o que ainda representa uma queda de 17% em relação ao mesmo período de 2019.

No terceiro trimestre, com a retomada da atividade econômica, o consumo mundial deve aumentar cerca de 14% para uma média de 94,3 milhões barris diários, de acordo com a agência.

A recuperação da demanda, cortes rigorosos na produção pela Opep e aliados, além de perdas de produção em outros locais devem reduzir um pouco o enorme excedente de petróleo acumulado durante o primeiro semestre.

A oferta global de petróleo caiu para o menor nível em nove anos de 86,9 milhões de barris diários no mês passado. A chamada Opep+ realizou todos os cortes prometidos, enquanto a diminuição dos investimentos e das atividades de perfuração prejudica a produção nos EUA e Canadá.

A aliança Opep+, composta por 23 nações lideradas por Arábia Saudita e Rússia, prometeu reduções de produção sem precedentes que representam quase 10% da oferta mundial, na tentativa de reequilibrar os mercados e elevar os preços. A coalizão cortou a produção ainda mais do que o prometido em junho, quando os sauditas realizaram reduções adicionais para acelerar a recuperação, informou a AIE.

 

Fonte: InfoMoney