As fabricantes de smartphones conforme o passar dos anos,  passaram a divulgar uma funcionalidade curiosa em seus lançamentos mais recentes: são vários os vídeos que mostram um celular carregando a bateria de outro, em um processo executado por indução e totalmente sem fios. Cada vez mais modelos vêm aderindo a esse recurso, que se torna um grande diferencial de vendas. Na indústria, isso tem nome: carregamento reverso ou, recarga inversa.

Essa tecnologia faz com que, ao encostar em certos pontos de um smartphone em outro aparelho, é possível “transferir” a carga de uma bateria mais completa para o dispositivo com menos energia, sem a necessidade de plugar cabo algum no aparelho nem conectá-lo à tomada.

Atualmente, diversos dispositivos contam com suporte a essa tecnologia, que, no Brasil, talvez tenha se popularizado com a chegada do Galaxy S10, da Samsung. Contudo, é importante ressaltar que ela não é livre de impedimentos e problemas. Por isso, listamos os benefícios e os malefícios do carregamento reverso.

• Os prós

Quem nunca ficou quase sem bateria na mesa de um bar, durante o happy hour com os amigos, ou em qualquer hora inoportuna? É com isso que, você começa a busca por uma tomada, uma série de puxões em bolsos, bolsas e mochilas em busca de cabos e a constante preocupação de que, se o celular desligar, você não vai conseguir chamar o Uber para levá-lo para casa.

A recarga por indução, sem fios, pode ser vista como a salvação nessa hora: você e um amigo possuem aparelhos com suporte a essa funcionalidade. Basta pedir o smartphone emprestado por uns instantes e você garante aquela “ajudinha” a mais na sua bateria, efetivamente salvando a noite.

Há também uma facilitação no controle de transferência de energia: a recarga inversa funciona, em termos leigos, ao transformar o seu receptor em um transmissor, comunicando-se com o receptor no outro aparelho e, assim, iniciando a troca de carga. Mas mesmo essa troca tem limites: opções de ajuste no sistema operacional do seu aparelho podem restringir isso, estabelecendo limites como vistos em smartphones da Huawei e Samsung, que só transferem energia se a sua carga estiver acima de 30% para evitar que você dê toda a sua energia ao celular da outra pessoa, ficando sem nada para você.

Outra questão é a conveniência: imagine uma pessoa cujo dia a dia envolva trabalhar, ir à academia e encontrar os amigos. Bom, no trânsito para o trabalho, saindo dele e indo à academia para treinar, você já consegue imaginar quais dispositivos essa pessoa usa. Conectados, devem estar pelo menos um par de fones de ouvido e o smartphone em si. Um ou outro caso ainda traz um smartwatch. Isso significa que cada um desses dispositivos conta com a sua própria série de baterias e, cada bateria, com sua própria série de cabos e carregadores. Mais bagagem na mochila.

Com a recarga inversa, ao menos na teoria, elimina-se a necessidade de todo esse peso extra, priorizando apenas o cabo do celular (ou, em alguns casos, do dispositivo especificamente desenhado para recarga por indução). No caso dos smartphones, isso não adianta muito, haja vista que estamos falando de “apenas” dois aparelhos, mas há itens que atuam especificamente nisso e permitem a recarga de um smartphone, smartwatch e fones de ouvido ao mesmo tempo.

 

• Os contras

O lado ruim do carregamento reverso envolve uma compreensão um pouco mais técnica da tecnologia, mas não deixa de ser importante para o usuário.

Alguns especialistas indicam que a tecnologia é especificamente desenhada para situações emergenciais e não devem ser considerada como padrão. Isso porque a transferência de energia por esse método pode levar até quatro vezes mais tempo do que a recarga com fios (tomada ou baterias externas).

Existe outra questão que pode trazer um desconforto pra muita gente: o carregamento inverso faz mal ao meio ambiente. Se o seu amigo despendeu, digamos, 20% de sua carga para o seu aparelho, isso não significa que você receberá 20% de “gás no tanque”, por assim dizer.

Isso porque a transferência de energia nestes casos ainda tem bastante interferência, e muito do que é despendido de um aparelho se perde no meio do caminho. Segundo um levantamento, a perda de energia pode ficar entre 30% e 80% do valor despendido em recarga. Claro, quando consideramos apenas dois smartphones trocando energia, isso não é nada. Mas precisamos sempre considerar todos os fatos.

Durante um processo de carregamento reverso, os dispositivos “carregadores” e os “carregados” não podem se mexer. É até óbvio falar disso, mas considere que este é um processo que envolve o toque constante dos aparelhos. Tirou o celular do lugar para atender uma ligação? A recarga é interrompida. Bateu na mesa e o aparelho moveu-se um pouco ou caiu para o lado? A recarga é interrompida de novo.

 

Quais smartphones suportam carregamento reverso?

Foi a marca Huawei quem implantou pela primeira vez este método de recarga de bateria, com a Samsung vindo logo atrás. Hoje, a tecnologia ainda é restrita aos smartphones topo de linha, ou seja, os modelos principais de cada marca. Mas já se pode identificar alguns aparelhos intermediários com capacidade alta, o que mostra que, aos poucos, esse recurso vem aparecendo em dispositivos mais modestos.

  1. Huawei P30 Pro
  2. Samsung Galaxy S10 (família)
  3.  Samsung Galaxy Note 10 e Galaxy Note 10+
  4. Google Pixel 3
  5.  Google Pixel 3 XL
  6. Huawei Mate 20 Pro
  7. Xiaomi Mi 9
  8. LG G8 ThinQ
  9. Razer Phone 2
  10. Nokia 9 PureView
  11.  ZTE Axon 10 Pro

 

Entenda que, não citamos nenhum aparelho da Apple, mas isso não significa que a empresa de Cupertino esteja alheia a essa tendência. Na verdade, a empresa empregou a partir do iPhone 8, Apple Watch e AirPods a capacidade de recarregar esses aparelhos por contato, mas apenas utilizando bases carregadoras sem fio — se você acompanha a marca vai lembrar que a ideia do AirPower era justamente essa. Contudo, a verdade é que os equipamentos da Apple, podem ser recarregados por indução, porém não são compatíveis com carregamento reverso — ou seja, um iPhone não consegue carregar um outro iPhone, nem um Watch ou AirPod.

Se você realmente parar, para considerar os prós e contras da tecnologia, verá que ela oferece ajuda em horas bem adversas. A questão ambiental e a baixa transferência de energia podem ser minimizadas com evoluções tecnológicas e esses aprimoramentos devem implementar funções que minimizem o impacto ambiental.

O lado bom disso tudo é que há benefícios a serem especulados: além de menos fios na mochila, o usuário também pode contribuir para o futuro, e possivelmente ser contemplado com um ecossistema de gerenciamento de energia mais aprimorado.

 

 

Fonte: Canal Tech.