Economizar energia elétrica entrou na agenda do brasileiro nos últimos anos. Mas nem sempre foi assim. Até antes da crise energética de 2001, as televisões de casa ficavam ligadas sem ninguém assistindo, as luzes permaneciam acesas o dia todo e não havia grande preocupação nas empresas com controle do desperdício de energia elétrica. O “apagão” de 2001 forçou a população a reduzir o consumo e atentar à necessidade de fazer uma boa gestão dos recursos energéticos.

Apesar da melhora na conscientização, ainda há muito a ser feito, principalmente nas empresas. Estudos internacionais divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente indicam que medidas de educação, treinamento e gestão eficiente em empresas resultam na redução de até 5% no consumo de energia. E para fazer a gestão energética de uma instalação ou de um grupo de instalações, é preciso antes tomar ciência sobre o padrão de consumo para gerar consciência coletiva em favor de uma economia benéfica a todos. Não se trata de um racionamento de energia, redução na qualidade dos serviços prestados, ou simples contenção de custos de uma empresa. São soluções, cada vez mais sofisticadas, que permitem melhor controle e eficiência dos gastos com energia.

A preocupação continua crescente porque em 2019, os consumidores no Brasil terão que pagar R$ 17,2 bilhões nas contas de energia para cobrir os custos com subsídios do setor elétrico, segundo informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em dezembro do ano passado. Como os custos com energia elétrica costumam representar uma das maiores despesas operacionais – nos supermercados é a segunda, atrás apenas da folha de pagamento, de acordo com a Associação Paulista de Supermercados (APAS) – isso significa que fazer uma boa gestão energética é fundamental. “Esse movimento de procurar as melhores soluções para otimizar a gestão de energia elétrica nas empresas vem se intensificando nos últimos anos e, mais recentemente, é também uma alternativa eficaz para as companhias médias e pequenas”, afirma Marcela Martins da Costa, gerente de gestão de contratos.

 

Mercado Livre

Uma prova do crescente interesse por uma melhor gestão energética também pelas médias e pequenas empresas são os dados apresentados recentemente pela CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Só no segmento de migração para o mercado livre, a entidade aponta que entre as empresas que migraram para esse modelo de contratação de energia, 95% (596) são pequenos consumidores que estão no perfil de consumidor especial, ou seja, com demanda entre 500 kW e 2,5 MW, sendo que apenas 5% (33) das adesões são de consumidores com demanda acima de 3 MW.

E quem migra para o mercado livre também precisa estar ciente de que uma boa gestão da nova modalidade é fundamental. As empresas que entram no mercado livre ambicionam a redução de custos com energia. Nos últimos anos, a atratividade cresceu junto com os ajustes elevados das tarifas do mercado regulado e, em contrapartida, a redução do valor do Preço de Liquidação das Diferenças – PLD, que serve de base para os preços negociados livremente no mercado livre. “O mercado livre exige uma atenção especial do consumidor em relação às operações. Caso o agente não faça uma gestão correta, pode ser penalizado caso descumpra alguma obrigação financeira na CCEE”, afirma o presidente da CCEE, Rui Altieri.

 

 

 

Fonte: Estadão.